PÁGINAS INDEPENDENTES

8 de set. de 2012

A SUSTENTÁVEL FRAGILIDADE DA CRIATURA


Numa tarde, tudo estava calmo quando entrei na casa, vindo do quintal. Na entrada da varanda envidraçada, vi uma pequena ave ferida no chão, tão frágil e, ao mesmo tempo, tão corajosa.
A avezinha foi posta sobre um muro, a salvo de alguns predadores. Dali, o frágil animalzinho sumiu...
Alguns dias depois do episódio, escrevi um conto.
Enquanto eu escrevia, tudo foi ficando claro: eu não preciso temer pelo meu futuro, pois sempre haverá uma mão forte e cuidadosa para me pôr a salvo. 
Acredito que a ajuda oferecida por Deus através dos bichos possa estar na simplicidade de um pequeno passarinho caído em nosso caminho.

A SUSTENTÁVEL FRAGILIDADE DA CRIATURA

Exibindo sua brilhante plumagem, um beija flor, ao qual doravante chamaremos de Tiquinho, voava livre e feliz de flor em flor, alimentando-se de néctar. Um dia, passeando por um jardim, Tiquinho viu um porta aberta e entrou. Entre as paredes da casa, sentiu-se preso. Quis sair.
Utilizando sua característica de parar em pleno voo, ele observou com atenção e sagacidade aquela espécie de caverna onde havia entrado e viu a luz do sol do outro lado. O sol era brilhante e parecia chamá-lo.
Acionando toda a força de suas pequenas, velozes e fortes asas, Tiquinho voou em direção à liberdade.
De repente:
Um forte estrondo interrompeu o voo de Tiquinho. A claridade entrava por uma grande janela de vidro, que estava fechada!
Caído no chão, com o grande bico imóvel e com as asas esticadas formando um ângulo de noventa graus com o pequenino corpo imóvel, dor e medo se misturavam motivando os pensamentos que vagueavam desordenadamente dentro da pequena e dolorida cabeça de Tiquinho:
—Aaii! Não consigo voar! Não consigo sequer mexer meu pequeno corpo! Eu, que sempre me vangloriei de pertencer à única espécie animal que pode voar sem precisar de equipamento. Posso também voar para trás, para cima e para baixo e agora estou aqui estatelado no chão, à mercê de predadores.
Predadores? Tomara que não venha aqui, agora, um daqueles de corpo esbelto, de andar rápido, silencioso, elegante, unhas afiadas, sutil e cruel... muito sutil e muito cruel!
Então, tão exausto quanto dolorido, Tiquinho fechou os olhos e seu pensamento voou para quem ele nunca vira, de quem por vezes esquecia, mas cuja existência, poder e sapiência conhecia muito bem através da existência das flores tão belas e doces, colocadas na natureza à sua disposição e alcance.
—Ei! Você que me criou! Olhe para baixo! Sei que não deveria ter entrado nesta caverna, mas entrei. Entrei por que... porque sou uma simples e tola criatura! Mas Você sabe disto e eu sei que posso contar com Você: valha-me!
Passado um espaço de tempo que para Tiquinho pareceram horas intermináveis, uma mão forte sustentou com cuidado seu frágil corpinho ferido e o colocou num lugar onde ficasse a salvo dos predadores e, de quebra, onde ele pudesse sentir o sol e ouvir o canto de outros pássaros.
Tiquinho adormeceu tranquilo e sonhou que estava novamente voando e beijando as flores.

14 comentários:

  1. Que belo e comovente conto Jan.
    Acredito que todos temos, de um modo ou de outro, nossas fragilidades. A diferença está em como lidamos com elas.
    Bom domingo pra você.

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    1. Oi Chris
      Foi bem difícil lidar com a cadeira de rodas... mas, foi naquela fase que eu mais escrevi, apesar de não conseguir manuscrever.

      E VIVA O TECLADO!
      E VIVAM MEUS INDICADORES (que "catam milho";-)!

      Abração
      Jan

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  2. Olá JAN,

    Tudo bem?
    Passando para matar a saudade.
    Adorei o conto.
    Nada devemos temer quando temos fé e Deus no coração. ELE sempre
    nos acolherá, como PAI amoroso que é.

    Beijão.

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    1. Oi Vera Lucia,
      Eu sempre vou lá e tento... mas seu blog não 'facilita' pra mim;-)))
      ELE sempre nos recolherá e acolherá.

      Fico tão feliz de te ver por aqui!!!
      Abração
      Jan

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  3. Parabéns minha amiga um conto encantador, gostei do final eu creio que muitas vezes é isso que ocorre em nossas vidas Deus nos pega com suas mãos fortes e nos coloca no alto livre dos predadores.

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    1. Oi Patrícia, que bom que vc gostou do conto!

      Tenho absoluta certeza da proteção de Deus.

      Abração
      Jan

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  4. Oi Jan, fiquei comovida com a narrativa. Eu que tenho uma calopsita fiquei a pensar nela assim machucada, nossa... Me deu um nó na garganta. Contudo querida amiga, eu acredito num bem maior, no Criador de todas as coisas, Deus - que tudo pode e sempre cuida de todos debaixo do sol!

    Boa semana querida!
    beijos de afeto da Lu

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    1. Oi Lu, já vi um casal de calopsitas "trabalhando" num lar de idosos (Atividade Assistida por Animais) e me apaixonei por aquelas aves passeando de ombro em ombro.

      É... todos tem direito ao Sol, né?

      Abração
      jan

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  5. Boa tarde, querida amiga Jan.

    Que lindo conto!!
    Eu adoro pássaros. Os animais, em geral.
    Aqui aparecem muitos, por causa das árvores.

    Tenha uma bela semana abençoada.

    Beijos.

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    1. Oi Amapola, linda!
      Pássaro voando é tudo de bom!
      Eu tenho cachorrinhos metidos a caçadores;-) então pus telas em todas as portas e janelas.
      Aqui também tem muito pássaro e não encontrar nenhum 'estatelado' no chão;-)

      Abração e obrigada pela visita.
      Jan

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  6. Oi Jan,
    "Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam,
    nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta.
    Não tendes vós muito mais valor do que elas?"

    bjsss

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    1. É... pois é, né Anna.
      Obrigada por reavivar minha fé!

      Abração
      Jan

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  7. Minha amiga que conto maravilhoso. Que a Mão de Deus esteja sempre presente na nossa vida nos momentos de aflição e nos dê a Paz que o Tiquinho sentiu.
    Obrigado pela sua visita.
    Nas asas da amizade envio um abraço apertadinho e um grande beijinho.
    Maria

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    1. Olá Maria, que bom que passou por aqui... que bem que vc gostou do conto.
      Às vezes tenho que "falar" comigo mesma, pra lembrar que existe MÃOS FORTES...

      Abração
      Jan

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